Foi tudo muito rápido, madrugamos em Rio Branco e as 9:40 estávamos em Porto Velho. Ta bom, não foi tão rápido assim, afinal, foram cinco horas e quarenta minutos de estrada.
Deixamos o carro na concessionária pra fazer uma revisão, pegamos carona no 'leva e trás' e fomos ao shoping. Sem preocupação, sem hora marcada, apenas para matar o tempo.
Depois de rodar todo o shoping várias vezes e de comer no Bob’s, no Giraffa’s, no McDonald’s e na Kopenhagen pegamos um táxi e voltamos a concessionária. E é aqui que a história começa.
Sabe aquele taxista que era interpretado pelo Vladimir Brichta, ou seja lá, como se escreve esse nome, na série Faça a sua história? O que nós pegamos era igual, não na beleza, mas na falação.
O homem falou tanto, mas tanto, que eu juro pra vocês, que em menos de dez minutos eu fiquei sabendo da vida dele, com riqueza de detalhes. Ficamos sabendo de tudo, menos como ele se chamava, e essa informação fez falta lá na frente, vocês vão ver. Agora vamos contar quanta informação ele me passou nesse tempo?
1) Ele contou que a filha estava louca pra comprar um carro
2) mas que estava em dúvida entre um honda e um peugeot.
3) Ela mora em Belém.
4) É recém formada em medicina.
5) Recebeu uma proposta de 30 mil reais pra trabalhar no interior do Pará,
6) na beira da praia,
7) mas não aceitou.
8) Recusou justamente porque está indo fazer prova pra residência em São Paulo.
9) A residência vai ser em anestesiologia.
10) A outra filha dele também mora em Belém.
11) Foi pra lá depois que se formou.
12) Tem emprego fixo e trabalha numa firma grande.
13) É formada em contabilidade.
14) Nem pensa em voltar pra Porto Velho.
15) Ele e a mulher moram só.
16) Possuem um apartamento nos fundos da casa onde moram.
17) Costumavam alugar
18) mas o último inquilino, que era uma mulher, os deixou desanimados.
19) O apartamento é seguro.
20) Tem cerca elétrica,
21) garagem
22) e por lá, passa ônibus toda hora e para todo lugar.
23) Agora deois de cinco anos ele resolveu alugar de novo.
24) Ta comprando material pra arrumar o ap.
25) Já viajou muito de carro pra Belém.
26) Agora ele vai de avião mesmo.
27) Inclusive, mês que vem a esposa está indo pra lá.
28) Ele havia comprado um carro para as filhas.
29) Um pálio.
30) E agora a médica queria comprar um,
31) pois estava indo pra São Paulo
32) e ia deixar o pálio para irmã.
Nesse momento o carro parou em frente a concessionária e eu desci, meu marido ainda ficou cerca de cinco minutos dentro do carro e com certeza deve ter ouvido mais um monte de informação. Tanto que deixou o celular cair e nem prestou atenção.Só deu por falta quando estávamos na saída da cidade.
Então ele ligou pra empresa de táxi, e como diante de tantas informações não havia sobrado tempo para apresentações, apenas informou a marca e o modelo do carro, o nosso itinerário e o horário que tínhamos encontrado o falante taxista sem nome e mesmo com essas informações não conseguiram localizá-lo.
Eu então soltei a minha pérola:
- Fala pra telefonista que o homem tem uma filha recém formada e blá, blá, blá... Pois se ele falou tudo aquilo sem nem ao menos nos conhecer, com certeza já deve ter falado para os colegas de trabalho.
E não é que deu certo? Poucos minutos depois estávamos partindo rumo a Rio Branco, com o celular na mão e muita estrada pela frente.