segunda-feira, 13 de julho de 2009

Japonês

Outro dia eu estava observando mãe e filho conversando. O garoto aparentava ter mais ou menos uns quatro ou cinco anos de idade. Corria prum lado, corria pro outro mas, sempre retornava para perto da mãe com alguma coisa para contar ou para perguntar. Até que numa dessas voltas ele chegou bem perto, olhou muito sério e um pouco ofegante ele falou:

- Mãe, eu já sei o que eu quero ser quando crescer!
- Já meu filho? Que bom! E o que você quer ser quando crescer?
- Eu quero ser japonês!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Relíquia

Foto relíquia de família. Alguém ai consegue me reconhecer?


Túnel do tempo

Algumas semanas atrás eu estava assistindo a um jornal local e vi uma entrevista do Rodrigo Pinto, filho do saudoso governador Edmundo Pinto, dizendo que havia alguma possibilidade de ele concorrer ao governo nessas eleições. Imediatamente me transportei a uma viagem no túnel do tempo e fui parar nos meus anos de escola, quando eu ainda tinha 14 anos, estudava no Colégio Meta e surgiam os primeiros passos políticos de Jorge Viana.

O Rodrigo, provavelmente um pré-adolescente, andava pelos corredores do colégio carregado de adesivos e outros materiais de propaganda política do pai. Os alunos se dividiam em dois grupos: os que apoiavam o Edmundo e os que simpatizavam com o Jorge. Me lembro que eu estudava numa sala próxima ao auditório e em frente a uma escada, essa escada depois do intervalo (antigamente a gente chamava de recreio), ficava lotada de alunos que demonstravam suas opções políticas através de vaias e aplausos para os colegas que usavam os adesivos de seu candidato. Era coisa bonita de se ver.

Nessa época meu veículo de transporte além dos meus dois pezinhos que papai do céu me deu, era uma bicicleta preta com cestinha branca (quem aí não se lembra da Caloi Ceci, que era febre entre as adolescentes nos anos 90?), recebia um singela mesada que era gasta em sua totalidade com camisetas estampadas com o número 13 em cores fortíssimas. Eu fazia questão de ter uma de cada cor (amarelo-limão, verde-limão, laranja-limão e rosa-limão). Participava de toda a concentração das cicleatas, passeatas, enfim, todo que terminava em “atas”, mas nunca delas próprias.

Ta bom, vou confessar, como eu era muito danada, eu vivia de castigo, no entanto o comitê do Partido dos Trabalhadores ficava na rua da minha casa e como o ponto de concentração era sempre lá, eu conseguia presenciar o início das “atas”. Ô tempo bom! Eu andava de bicicleta por ai, sem dinheiro pra comprar uma água, mas ostentava orgulhosamente a camiseta do 13. Fazia um movimento danado e nem votava.

Dois anos depois, ao completar 16, tratei logo de tirar meu título de eleitor. Nessa época as camisetas deixaram de ser estampadas com números e passaram a ser feitas com pequenos pontos que formavam o rosto do Jorge ou do Tião Viana. Eu já havia conquistado meu primeiro emprego, um emprego modesto, coisa de um salário mínimo, dessa vez eu conseguia comprar não só as camisetas, mas algumas garrafinhas de água. Também já não tinha mais bicicleta e finalmente participei das passeatas (aprendi a me comportar). Com o título de eleitor, veio também a obrigação e fui convocada para ser mesária no dia das eleições. Vocês imaginam o que é uma adolescente trancada numa sala com pessoas adultas que ela nunca tinha visto? Foi lindo! E isso durou pelo menos umas cinco eleições.

De lá para cá o PT só cresceu. O Jorge foi prefeito, depois governador e o Tião eleito senador. Agora vamos esperar o novo embate político para ver se vai ser novamente Pinto X Viana.

Ainda sobre Michael Jackson

Foi-se o mito e ficou o homem. Isso mesmo, só agora descobriram o ser humano. Michael Jackson viveu pedófilo, esquisito e monstro. Em compensação morreu um homem de coração puro, que adorava brincar como criança (e qual a melhor maneira, se não for com crianças?) e um pai exemplar. As esquisitices se transformaram em doenças, e suas inúmeras plásticas (mesmo ele afirmando que só fizera duas) foram fruto de maus tratos do pai.

Michael Jackson era um astro de enorme grandeza. Não sofreu somente com o pai, mas também com os próprios irmãos, que o faziam presenciar suas aventuras sexuais em quartos de hotéis, quando de suas viagens para fazerem shows. Enfim ele não sofreu só agressões físicas, mas, também psicológicas. E mesmo assim, carregando todo esse peso ele se transformou no maior ídolo pop do mundo.

Eu me pergunto por onde andou a dona Katherine Jackson, durante esse tempo que não correu para socorrer seu caçula. Imagino que ela própria tenha sido mais uma vítima do carrasco pai de Michael.

Cerimônia de velório bonita e emocionante. Embora eu não concorde muito da maneira como foi feita, já que ele próprio queria algo simples. Espero que pelo menos o enterrem onde ele queria (em Neverland).