domingo, 28 de agosto de 2011

Jornalistas querem criar rede de assessores de comunicação


Um grupo de jornalistas em assessoria de comunicação começou a se reunir desde o dia 23 deste mês, para discutir a criação de uma rede de profissionais que atuam nessa área. De lá para cá já foram dois encontros e o terceiro já está marcado para a semana que vem.

Não tem ninguém querendo inventar a roda, a pólvora ou ainda a próxima coca-cola. O objetivo é muito simples e chama-se parceria, ou quem sabe coleguismo. É apenas o anseio pela troca de informações e de experiências sobre o dia-a-dia da nossa profissão.

E sabe o que é mais bacana? É que a idéia partiu de pessoas que já atuam em assessorias ha muito tempo, que sabem desempenhar muito bem suas funções. Mas são pessoas abertas a novos conhecimentos, novas experiências, pessoas que como dizia o Gonzaguinha cantam a beleza de serem eternas aprendizes.

É com o maior orgulho que estou fazendo parte dessa turma que quer fazer a diferença no que trabalham, porque certamente o fazem com amor. Aliás, amor pela profissão, anda muito em baixa ultimamente, seja qual for a formação, o negócio é ganhar dinheiro, independente do respeito ao próximo.

Eu acredito firmemente que essa rede vai pra frente, porque vejo o brilho no olhar de cada jornalista que participa dessas reuniões. E a vontade de que as pessoas tomem consciência de que vida de assessor não é mole só porque ele ler jornal e passa o dia na internet, isso é função primária e essencial dentro de uma assessoria. Por isso leitor, se um dia você passar por uma sala de assessoria de comunicação e ver os jornalistas lendo jornal, não pense que ele está fazendo isso por falta de trabalho, porque é justamente o contrário, ele está executando uma das suas tarefas diárias.

O Assessor hoje, precisa ser uma pessoa antenada não só com a velha imprensa escrita, mas interagir com facilidade com as novas mídias sociais, como explica muito bem Rivaldo Chinem em seu livro “Assessoria de Imprensa, Como Fazer”. Segundo ele “a modernização da sociedade trouxe ao ser humano a necessidade obter cada vez mais informação, o que, em larga escala, levou ao desenvolvimento dos meios de comunicação de massa. Essa situação, por sua vez, também fez com que indivíduos e organizações passassem a vislumbrar no noticiário transmitido por jornais, revistas, emissoras de rádio, de televisão e na rede mundial de computadores a sua grande possibilidade de divulgar fatos e opiniões para a sociedade”.

Diante de tudo isso, essa rede que está se formando agora, certamente contribuirá bastante para aproximar a categoria e criar um canal de aperfeiçoamento das técnicas e instrumentos do exercício da profissão de jornalista em assessoria de comunicação e de imprensa aqui no nosso querido Acre.

E plagiando o grande comunicador brasileiro Aberlado Barbosa, que até hoje ainda está com tudo e não está prosa, mando aquele abraço para Socorro Camelo, Charlene Carvalho, João Petrolitano, Moisés Alescastro, Tiago Teles, Eduardo Duarte, Annie Manuela, Andréia Carvalho, Igor Martins e pra você Xuxa.

Bom domingo minha gente!

sábado, 27 de agosto de 2011

Tente, invente, faça um dia dos pais diferente


Uma vez por ano, nos dedicamos a carinhos, comidinhas, denguinhos e presentinhos para os nossos pais. Todo segundo domingo de agosto é assim, café, almoço ou jantar de primeira qualidade ou de acordo com que nossos bolsos podem bancar.

Até o ano passado eu tinha dois pais. Esse ano, infelizmente minha lista diminuiu, mas o amor ainda é o mesmo. Não vou ficar aqui falando elucubrações sobre esse assunto, porque tenho consciência de que já falei demais sobre ele em colunas passadas.

O que eu quero mesmo falar é que não há mais filhos como antigamente, nossa rotina louca de trabalho e casa é bem diferente do que a vida que nossos pais levavam a pouco menos de 30 anos atrás. Consequentemente essa nossa rotina corrida alterou a forma de comportamento dos nossos filhos hoje.

Eu sou do tempo em que meninas brincavam de pular elástico, jogar pedrinhas, muita manja, esconde-esconde, patins, bicicleta, bandeirinha e claro a boa e velha salada de frutas (pêra - uva - maçã - salada mista). Hoje observo minha filha adolescente e vejo o quanto a geração dela está sendo diferente da minha.

Brincar na rua descalça de todas essas brincadeiras que eu já falei era um martírio. O negócio dela sempre foi computador e televisão. Só que agora, essa constatação que estou dividindo aqui com vocês, ganhou confirmação científica. Oh! Agora sim, podemos acreditar no que todo mundo já sabe.

A pesquisa foi encomendada por adivinhem quem? Discovey Kids, aquele mesmo canal de assinatura que nossos filhos passam horas assistindo e que muitas vezes atua como educadores das nossas crianças. Lá em casa mesmo, minha caçulinha de dois anos, já sabe algumas cores, formas e até palavras em inglês graças a ele.

Mas vamos ao que interessa, a pesquisa foi feita com 1.500 assinantes e descobriu que 89% dos pais entrevistados, costumavam brincar na rua e que 77% tinham o hábito de ir a pé para a escola.  Eu estudava no Cnec, lá no Segundo Distrito, colégio de freiras (bem que vovó tentou colocar juízo na minha cabecinha desde cedo) e adorava vir a pé para casa. Na volta, dava aquela paradinha oficial na praça em frente ao quartel da Polícia Militar e aí sim, seguia para o sossego do meu lar.

Atualmente, menos de 15% das crianças de até dez anos de idade andam por ai sem a companhia de um adulto. Outra diferença é que antigamente 51% dos pais andavam sozinhos de ônibus, hoje apenas 1% dos filhos faz isso. Vou citar de novo o exemplo lá de casa, minha filha deve ter andado de ônibus duas ou três vezes na vida. Tá certo que ela volta a pé da escola, mas vai de carro, mamãe faz questão de deixar o bebê dela na porta da escola todos os dias (se ela ler esse trecho ela me mata).

Essa mudança é refletida pelo medo da violência que assola a vida moderna. Isso faz com que os pais mantenham seus filhos longe das ruas, seguros no aconchego do lar. Diminuiu também o número de crianças que dormem na casa de amigos ou que recebem amigos para jogar vídeo-game. Como toda ação tem uma reação, os pais tentam compensar isso, dando mais autoridade aos filhos, dando o poder de eles escolherem o que querem comer, o horário de dormir e o programa na televisão. A pesquisa aponta que 64% das vezes em que pais e filhos assistem televisão juntos, são as crianças que escolhem o que será visto.

Além disso, o levantamento aponta que 57% das crianças possuem um aparelho de TV no quarto, 19% deles já desfrutam de um aparelho celular , 96% dessas famílias contam com banda larga em casa e um terço dos pesquisados contam com a ajuda da internet para fazer seus deveres de casa.

Essa pesquisa me chamou a atenção pela diferença gritante de estilos de vida em gerações tão próximas. Nossos filhos andam se relacionando com os amigos muito mais por telefones e computadores do que pessoalmente.
Sabedores disso, porque não fazemos um Dia dos Pais diferente, em vez do conforto do ar-condicionado, que tal um passeio pelo Parque Chico Mendes ou mesmo, uma brincadeira qualquer na frente de casa?

Um feliz Dia dos Pais a todos!

*Texto publicado no jornal Página 20 de 14 de agosto de 2011.

Tão Acre


Tem dias que começar a escrever é uma coisa muito difícil, mesmo quando se tem o tema, ou já saiba mais ou menos o que e como dizer ao leitor. Acho que hoje estou num desses dias. O que me fez lembrar meu querido professor Dandão, que em sala de aula costumava conversar sobre isso.

Em uma das muitas aulas dadas, ele falou que tinha gente que se inspirava até com uma folha de árvore que caia para escrever uma boa crônica. Bom... Eu estou aqui, olhando para todos os lados à espera de presenciar a queda de uma mísera folhinha, e nada... Somente o calor irritante soprando no meu ouvido o quanto ele pode ser desconfortável.
Em tempo de botas, chapéus, camisas de mangas compridas dobradas até o cotovelo, cintos com enormes fivelas e calças jeans, eu imagino que não seja nada confortável estar trajado assim. Aliás, por falar em conforto, a Expoacre mudou muito do que era há uns 30 anos - e para melhor, que isso fique claro.

Quando eu era criança não passava de duas ruas, uma era trafegável a outra só Jesus na causa, também tinham algumas baias, estandes do governo e um parque de diversões cheio de tétano. Era preciso rezar muito para não chover, porque corria o risco de atolar tanto de carro quanto a pé. Na verdade era uma verdadeira trilha. Ir de sandália aberta para lá, até 1996 era um mico, pois era terra e lama pra todo lado.

Hoje tá tudo asfaltado, o parque cresceu, ta lindo de ver. Não precisamos mais ficar andando de um lado para o outro em um só caminho.
E ainda tem quem diga que a gente não melhorou, que o governo que está aí, não fez nada. É povo do gol contra, só joga a favor de si mesmo, a população que se exploda porque o mais importante é voltar ao poder. Aquele mesmo que eles já tiveram na mão, e eles sim, não fizeram nada.

Alguém aí lembra quando viajávamos de férias e aterrisávamos no aeroporto que antes ficava lá do Segundo Distrito? Dava até depressão de voltar pra um lugar tão maltratado, com as ruas cheias de buraco e lama. Uma tristeza só.
Tá certo que o ser humano nunca está satisfeito com nada, até porque se isso um dia acontecer, é sinal de que se acabaram os sonhos e viver sem sonhos é o mesmo que não viver, mas tem gente por aí enganando o povo, dizendo que briga por melhoria, quando na verdade briga mesmo é pelo status que perdeu.

Vai passando por cima de tudo e de todos, mais parece um trator do mal, que vai espalhando veneno por onde passa, na tentativa de desconstruir uma imagem boa, já que em sua maioria, essas pessoas estiveram no poder, alguns até como “pasteiros” (aqueles que vendem coisas ao governo) e talvez por não verem seus nomes no Diário Oficial, se sintam tão incomodados com as realizações do governador Tião Viana, como diria Zé Leite, #tãoacre!

*Texto publicado no Jornal Página 20 de 31 de julho de 2011.

A vida não segue nossos planos

Ainda jovens, meus avós maternos José Higino e Mariinha  e suas três filhas (tia Jeanett, tia Jeize e minha mãe Janne) trocaram sua terra natal pela capital acreana. Chegando aqui, foram morar de aluguel em uma casinha humilde localizada no bairro da Base, bem próximo à Rádio Difusora. Era de lá que ele saía a pé todos os dias para exercer sua função de delegado de trânsito no Bairro Quinze.



Os anos se passaram e vovô se tornou um pequeno empresário do ramo cafeeiro.  Começou apenas torrando os grãos de café no fundo do quintal, depois arrumou um sócio e logo a empresa começou a prosperar, tanto que foi graças a ela que a família conseguiu comprar um terreno em local privilegiado da cidade, para posteriormente construir a casa própria.

Mas foi numa visita do irmão Luis Higino, que vovô resolveu apressar sua mudança, haja vista haver na vizinhança, um bar que funcionava até tarde. “Isso não é ambiente saudável para as meninas que já estão ficando mocinhas”, disse Luis. Foi então que conseguiram uma casa, na qual vovô não precisaria pagar aluguel e onde morou com a família até terminar de construir a sua. Da Base eles se mudaram para o Ipase.

Passados aproximadamente três anos, a tão sonhada casa ficou pronta. Agora eles tinham um verdadeiro lar. Orgulhoso do feito, vovô sempre dizia que graças ao trabalho e principalmente ao esforço, conseguira proporcionar a família uma casa confortável.

Mas vejam vocês leitores como a vida da gente não segue nossos planos. Depois da casa construída, as filhas foram tomando direções na vida. A mais velha casou, em seguida a do meio foi morar no Rio de Janeiro e por fim, não muito depois, a caçula também casou.

A casa que fora idealizada para toda a família, agora abrigava somente o casal e um sobrinho (Correinha) que ainda criança viera morar com eles. Sobrava espaço. Mas como a vida segue, logo chegaram os primeiros netos e foi nessa leva que eu nasci.

Poucos anos depois de casados papai e mamãe se separam e no meio desse processo eu fui morar com meus avós. Eu tinha mais ou menos uns três anos e vejam vocês, que o quarto anteriormente construído para três mocinhas agora era só meu, ou seja, eu tinha um quarto bem grande.

Mas independente do tamanho do quarto, foi na casa de número quatro, da rua João Donato que tive o privilégio de ter como referência de vida duas pessoas maravilhosas. É nessa casa que estão todas as minhas lembranças, seja da infância, da adolescência e até mesmo de adulta.

Passados oito meses de falecimento do vovô, muita coisa mudou e mudou porque a vida não pára esperando por ninguém, ao contrário, segue em um ritmo frenético, e eu de uma covardia sem tamanho, ainda não tinha voltado a casa em que passei a maior parte da minha vida. Essa semana foi inevitável, tive que ir lá e ao entrar e ver aquele vazio tomando conta dela, me fez chorar muito. De repente eu percebi que embora a grama ainda esteja verde a casa também morreu um pouco junto com ele.

O certo é que em minha memória sempre estará aquela casa branca, de portas e janelas vermelhas, jardim bem cuidado, vovô lendo um livro, vovó fazendo seu crochê enquanto eu, protegida por eles, sonhava com um mundo cor de rosa.

* Texto publicado no jornal Página 20  de 17 de julho de 2011.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Onde estão os mocinhos?

Então a Natalie Lamour colocou as asinhas de fora?! A mocinha que só queria se dar bem na vida, que tinha um bom coração e até chegava a ser ingênua, quando soube que o marido havia colocado a casa onde moravam no nome da mãe dela, voltou correndo pra dar o troco no enteado e expulsá-lo de casa.


Será que em algum momento a moça percebeu que sua mãe, uma mulher trabalhadora e honesta poderia ser arrastada pra lama e até presa por causa da esperteza do marido dela? Se fosse uns dois capítulos atrás eu até diria que não, mas agora minha resposta é sim.


Sim, ela sempre soube das bandidagens dele; Sim, ela sabe que a mãe pode ser presa a qualquer momento, mas e daí? O importante é seguir aproveitando tudo de bom que o dinheiro puder comprar. Não importa se para isso seja necessário ir para cama com um homem enquanto seu marido está na cadeia, não importa jogar charminho pro carcereiro, não importa expulsar de casa o dono de fato, não importam nem os conselhos da mãe.


Aquelas armações para se dar bem, onde ela conseguia jogar as concorrentes umas contra as outras para depois sair sozinha na capa da revista, já eram. Afinal, com o passar do tempo a gente vai se especializando, se aperfeiçoando e foi isso que ela fez. De golpe em golpe, chegou onde está, e nem se quer se importa com o risco que está correndo ao viver ao lado de um homem tão inescrupuloso quanto aquele.


Engraçado como nós vamos nos envolvendo e torcendo para que a vingança dê certo. Outro dia até escrevi sobre isso, mas a personagem em questão era a Norma. Hoje, sinceramente, pra mim já deu o que tinha que dar. A tão esperada e merecida vingança contra o Leonardo Brandão já está é enchendo o saco, pois enfim, também existem outros personagens precisando se vingar e até mesmo dependendo dessa vingança para que suas vidas voltem ao curso natural.


E cá pra nós, vocês acham que aquele tipo de humilhação da pagando alguma coisa? O cara ta escondido da polícia e do Cortez e depois de tudo o castigo dele é servir mesa e engraxar sapato? Francamente! Enquanto isso, a gente segue acompanhando o mal se dando bem. A Norma encheu a casa do Teodoro de bandidos; O mau caráter do Vinícius só aprontando e todo mundo achando que ele é um anjo de candura; E a tal da Natalie achando que tá por cima da carne seca. Só nos resta esperar as cenas dos próximos capítulos.


Mas mudando de assunto, semana passada fui ao Rio de Janeiro, coisa boa é aprender sempre mais e estar junto da família. Eu consegui unir estas duas coisas. Mas nunca tinha ido lá que não fosse em janeiro. O reencontro não foi como antigamente, dessa vez não tinha o sabor das férias, o calor do sol, o “descompromisso” do horário. Agora o tempo foi curto e o dia corrido, parecia outro Rio.


O fim de tarde foi menos descontraído, o frio insistiu em dizer que a qualquer momento estaria presente e a noite sempre chegava mais cedo. Foram exatos cinco anos sem ir lá e tudo ficou tão diferente. Não ouvi mais os gritos dos vendedores na praia que antigamente passavam gritando “olha o mate, olha o leão”, “Olha o biscoito salgado e doce” ou ainda “Olha o cuscuz e a cocada”.


Até mesmo o mar de Copacabana se modificou, está mais perto, tem menos areia entre o calçadão e a água. A Rocinha agora desceu do morro, ta rua fazendo fronteira com São Conrado. E mesmo com todas essas mudanças a paisagem continua linda e de tirar o fôlego, não é a toa que lá ficou conhecido por cidade maravilhosa. Bom domingo!


* Texto publicado no Jornal Página de 10 de Junho de 2011.























Cavalo de Tróia

Em 2008 três importantes instituições divulgaram pesquisas que apontavam o mesmo fenômeno: o surgimento de uma nova classe média no Brasil. A Fundação Getúlio Vargas, O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o Instituto Ipsos falavam em algo como 20 de milhões de brasileiros que melhoraram seu poder aquisitivo.


Passados quatro anos, esse novo perfil brasileiro, refletiu diretamente nos meios de transportes utilizados para se fazer turismo. Há algum tempo, viajar de avião deixou de ser privilégio de poucos. Seja para passeio, férias ou negócios o avião está cada vez mais substituindo o ônibus. A rapidez na locomoção, facilidades de pagamento e preços acessíveis estão entre os principais motivos dessa troca.


Enquanto o consumidor estimulado pelo crédito facilitado, se deixa endividar de tamanha forma que se vê as voltas com dívidas cinco, seis vezes maiores que a sua renda anual.


Esse mesmo consumidor ficou acostumado a comprar sem ter dinheiro e aprendeu a fazer empréstimo para tudo, para comprar carro, casa, viagem de férias. Porém, o pagamento vem depois, em longas prestações e juros altíssimos.


Então, como explicar o furor consumista em comprar, comprar e comprar? Muito simples, tudo no crediário ou no cartão de crédito na maioria das vezes, sem entrada e em dezenas de prestações, engorda os olhos.


No entanto, quem gosta mesmo dessa onda consumista são os bancos, que, aliás, preferem chamar esse fenômeno de “aumento do poder de compra da classe baixa”, a verdade é que os juros são altos e o povo não está nem ai. O importante é comprar a TV de plasma hoje e pagar somente no ano que vem. Poupar para depois comprar o objeto do desejo está fora de cogitação.


Na sociedade imediatista de hoje ninguém pode esperar. O pensamento é: quando a bolha estourar, a gente resolve. Deus sabe como!

* Texto publicado no Jornal Página 20 de 19 de Junho de 2011.















quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Estudo ou trabalho?

A série “A Grande Família”, apresentada pela Rede Globo, nos mostra de forma bem caricaturada a vida da classe média no Brasil. A mãe protetora e curadora do lar; O pai que consegue proporcionar a todos um certo conforto, graças ao trabalho suado; O filho na fase adulta que não gosta nem de estudar nem de trabalhar e por fim, uma filha casada que sempre recorre a aos auxílios financeiros do pai.

O último episódio mostrava a imensa dificuldade que uma pessoa tem de arrumar emprego sem experiência e estudo, sem falar, no valor baixíssimo do salário. Mostrava também a imensa decepção do pai ao saber que o filho havia abandonado o curso de medicina veterinária.

Essas são situações que, com certeza, algumas famílias passam. Eu mesma, quando terminei o segundo grau, meti na cabeça que o negócio era trabalhar. Passei mais de dez anos parada até que acordei e percebi que um diploma de nível superior faz muita diferença na vida de uma pessoa. Claro que existem as exceções, aqueles que já nascem ricos ou que por um capricho do destino se deram muitíssimo bem em alguma coisa, como foi o caso de William Henry Gates III.

Não sabe quem é leitor? Ele é um magnata, que ficou conhecido por fundar, junto com um amigo, a maior e mais conhecida empresa de software do mundo. Regularmente é classificado como a pessoa mais rica do planeta. A empresa a qual me refiro chama-se Microsoft e ele Bill Gates.

O destino quis que assim o fosse, mas nem todos têm a sorte de Gates, é quase como acertar na loteria. E é por isso que nossos pais se preocupam tanto com nossos estudos e mais tarde nós passamos a nos preocupar com os estudos de nossos filhos.

Quando nasce uma criança já começamos a fazer planos, esse vai ser atleta, essa é minha bailarina, um grande médico, juiz, advogado, professor e assim vai. Acho difícil alguém pegar um filho no colo e pensar esse vai ser um grande taxista, uma boa empregada doméstica. Não estou desmerecendo o trabalho dessas pessoas, mas é que sempre queremos o que há de melhor, o mais caro, o que paga mais.

Tempos atrás li, chocada, um artigo de uma jornalista dizendo ao filho para em vez de estudar, que ele fosse atrás de trabalhar, pois ela havia vencido na vida as custas do trabalho e só depois de muito tempo havia entrado em uma faculdade e se formado e que nem se sentiu tão feliz assim, quando recebeu o diploma.

Juro pra vocês que a cada linha que eu lia, eu me assustava mais ainda. Talvez eu seja ultrapassada, careta, sei lá. Mas se uma mãe não incentiva o filho a estudar quem fará isso?

Ainda me lembro do meu pai, todos os dias me dizendo “minha filha, eu vejo você repetindo meus erros e não consigo fazer nada pra mudar isso, porque você não me escuta. Isso me dói tanto”. Papai largou o curso de economia pela metade, e estava se referindo a eu não ter me formado.

Na época eu achava uma chatice, mas hoje, compreendo muito bem a importância dos estudos na vida de uma pessoa. Quero que minhas filhas estudem, se formem e sejam alguém melhor do que eu mesma tenho sido. Quero vê-las independentes e felizes. E sei que é muito mais fácil contar com estudo e trabalho do que com exceções e loterias.

*Texto publicado no Jornal Página 20 em 12-Jun-2011

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Lula e a novela da Globo

Só eu ou mais alguém percebeu que nos últimos dias o ex-presidente Lula anda aparecendo demais na mídia? Parece-me que ele definitivamente assumiu o papel de estrategista do governo Dilma.


Fontes próximas a presidente afirmam que ela não se sente nem um pouco constrangida ou mesmo incomodada com isso, e eu, me pergunto se isso não seria uma espécie de volta ao cenário político para que Lula não seja esquecido e venha a concorrer a um terceiro mandato nas próximas eleições. Carisma e aceitação popular, ele tem de sobra.

Mas mudando completamente de assunto, fazia tempo que eu não acompanhava uma novela, mas essa Insensato Coração, que passa na Rede Globo, eu caí na besteira de assistir ao primeiro capítulo e aí, já viu?! Só que uma coisa me incomoda bastante, é que parece que o bem não flui. Só o mal prospera e por isso fica.

De repente fica a impressão de que não vale a pena ser bom, ser sincero, ser responsável, porque quem se dá bem e quem vai pra frente é só aquele que mente, rouba e mata. Claro que a novela é uma obra de ficção e a gente sabe que muitas das coisas que se passam lá, não ocorrem na vida real, embora, muitas vezes, tomamos conhecimento de histórias muito parecidas na vida real. Porém, para aquelas pessoas que tem um coração cheio de maldade e a mente fértil, pode com certeza ter a novela como inspiração.

Por exemplo, a auxiliar de enfermagem Norma, interpretada pela atriz Glória Pires, foi enganada, humilhada e presa injustamente no começo da novela. Ao ser solta, ela cumpre rigorosamente as estratégias de um plano de vingança contra quem lhe aplicou o golpe. Enquanto ela estava na cadeia, aos poucos íamos percebendo um desvio, nada pequeno, no caráter da moça.

De lá para cá, Norma vem mentindo, enganando e ludibriando as pessoas e até a justiça, sem parar. Mas sabe o que é o pior de tudo? É que assistimos tudo e em vez de ficarmos revoltados, com raiva, nós simplesmente torcemos para que as maldades dela funcionem e ela consiga se vingar do seu malfeitor.

Me digam meus leitores, se isso faz algum sentido? Justo nós que ensinamos aos nossos filhos a importância de falar sempre a verdade, de que o trabalho vence tudo e de que a família está sempre em primeiro lugar. Agora, nos vemos encurralados com nossos sentimentos, divididos entre o bem e o mal, numa verdadeira sinuca de bico, como gostam de dizer os homens, e tudo por causa de uma novela. Vá lá entender o ser-humano.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Vida que segue




Depois de dez anos de casamento, dois filhos e uma certa estabilidade financeira, Olívia e Vinícios levavam uma vida tranqüila. No entanto, naquela manhã, enquanto a família almoçava e o marido conversava alegremente sobre os acontecimentos do trabalho, ela se pegou com os pensamentos voando alto.


Enquanto Vinícios falava sem parar, ela se pegou lembrando do gosto dos beijos de André, um ex-namorado que teve muito antes de conhecer seu marido. Volta e meia as lembranças do ex lhe povoavam a mente e ela não queria crer que ainda restava um resquício se quer de sentimentos.

Mas nessa manhã, ao se pegar novamente com os pensamentos perdidos em André, percebeu que lá no fundo do seu coração, algo ainda insistia em se manter vivo. São Paulo é uma cidade grande, dificilmente os dois se encontravam, principalmente depois que Olívia casou e mudou de bairro.

De certa forma, foi essa distância que a fez pensar que o havia esquecido. Mas nem o tempo, nem a família construída, foram capazes de sufocar esse amor caprichoso que vivia escondido nas sombras. E ao se dar conta disso, Olívia viu que teria que permanecer o resto da vida na tentativa de esconder de si própria e dos outros esse sentimento.

E justo naquele dia, ao deixar os filhos na escola, ela reencontrou casualmente o grande amor de sua vida e pensou: Ao menos fiz as unhas, estou maquiada, mas e os malditos cabelos brancos? O tempo tinha sido generoso com Olívia, mas os fios brancos eram seus grandes inimigos.

Foi tudo muito rápido, não passou de um simples aceno, mas foi o suficiente para o tremor tomar conta de todo o seu corpo. Ela apenas entrou no carro e permaneceu quieta até se recompor, em seguida deu partida e seguiu ao encontro da vida que tinha escolhido para si: uma casa boa, um marido carinhoso e seu amado casal de filhos.

sábado, 14 de maio de 2011

A árdua missão da mulher

Mulher é uma coisinha complicada mesmo. A gente cresce na esperança de casar e sabe pra quê? Pra ter um homem tomando espaço na cama, roncando a noite toda e que se duvidar dá mais trabalho que os filhos. Adoram esse negócio de comidinha no prato e dedicação exclusiva. 

Depois do maridão, aquele mesmo que adora peidar embaixo das cobertas e depois abanar pro “bendito” cheiro se espalhar por todo o quarto, a gente não fica satisfeita e arruma os filhos. 

Filhos... Filhos... Filhos... Já dizia aquela máxima: se não tê-los, como sabê-los? São lindos, fofos, os mais queridos do mundo, mas também são eles que fazem cocô e deixam pra você limpar, que precisam que você lhes dê banho, comida e roupa lavada. Isso tudo depois de um dia exaustivo de trabalho, claro! Mas alguém já imaginou a vida sem eles? 

Então, somos assim, passamos a vida procurando quem nos dê trabalho em troca de muito amor, carinho e dedicação.  Ê vidinha difícil, mas eu sou uma que não troco a minha por nada nesse mundo...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A curva descendente


Conversando com meu colega de trabalho, Marcelo Quintella, ele me falava de uma tal curva descendente, na qual todos nós entramos. Segundo ele, lá pelos 40 anos, começamos a ficar saudosistas, cheios de recordações dos tempos de juventude e começa também a contagem regressiva da vida.

No momento da conversa fiquei meio assustada, até porque, quando jovens sempre imaginamos que somos integrantes do clã MacLeod, daquele guerreiro imortal vivido pelo ator Christopher Lambert no filme Highlander, ou seja, que nada de mau pode nos acontecer e que seremos eternos. E tudo é vivido intensamente, o amor, a raiva, as coisas se transformam em casos de vida ou morte.

Já quando adquirimos um pouquinho mais de idade, de responsabilidade e de maturidade, começamos a ficar mais flexíveis, menos emoção e mais razão. Isso acontece lá pela casa dos 30 anos, mas nada que nos faça refletir que a vida é finita.

E conforme a casa dos 40 vai se aproximando percebemos que somos passíveis de erros, que nos importamos mais com os filhos que com nós mesmos. Que nem sempre sair pra balada é a melhor opção da noite e que ficar em casa curtindo a família tem grande valor. Que palavras de amor realmente devem ser ditas, pois algumas vezes nos arrependemos do silêncio lá na frente e principalmente que de hailander não temos nada.

De repente já se passaram 15, 20, 30, 40 e poucos anos e o que realmente queremos é ter nos transformado numa pessoa que orgulhe nossos pais, mas que principalmente sejamos fonte de princípios para nossos filhos. Afinal, agora são eles quem queremos impressionar e não mais o carinha mais paquerado ou a mocinha bonitinha.

É, de fato Marcelo tinha razão, essa tal curva descendente existe. E agora, depois que eu soube da sua existência, vivo a refletir sobre isso e me lembrei que certa vez li um livro onde o autor dizia que para nos comunicarmos bem durante uma palestra deveríamos saber que tipos de platéia iríamos ter. Platéia onde a maioria são jovens deve-se falar muito em planos, no futuro, afinal, eles têm uma vida toda pela frente.

Já quando a platéia é composta por pessoas mais velhas, devemos ser saudosistas, lembrarmos o passado de vez em quando, afinal, essas pessoas não fazem mais muitos planos e adoram recordações, assim, segundo o autor, seguindo essa regrinha básica conseguiremos prender a atenção do público e quem sabe até torná-los participativos.

Perceberam a tal da curva descendente? Talvez nosso rei Roberto Carlos já tivesse consciência e por isso, costumava cantar:

“Se você pretende saber quem eu sou

Eu posso lhe dizer

Entre no meu carro na Estrada de Santos

E você vai me conhecer

Você vai pensar que eu

Não gosto nem mesmo de mim

E que na minha idade

Só a velocidade anda junto a mim

Só ando sozinho e no meu caminho

O tempo é cada vez menor...”


Já eu, sigo ainda assustada com a descoberta da bendita curva e com o eco das palavras do meu saudoso avô José Higino que aos 81 anos de idade costumava dizer que cada dia de vida era um dia a menos na contagem regressiva de nossa caminhada por esse mundo de meu Deus.

domingo, 8 de maio de 2011

Dia das Mães

Todos os anos é assim, ofertamos o segundo domingo de maio para homenagear essas mulheres, que trabalham, estudam, cuidam dos maridos, dos lares e ainda por cima são mães.

Feliz dia das mães a todas e em especial a minha dona Janne e também a minha tia Jeanett.

domingo, 1 de maio de 2011

A resposta

Em resposta ao meu artigo da semana passada, a historiadora Fátima Almeida escreveu:

“A Jannice, é também filha da Jane (pessoa muito querida), que é filha do Jose Higino, falecido, irmão do Sansão Ribeiro, ex-reitor da Universidade que fez Escola superior de Guerra, período da ditadura militar, pai da Márcia Regina, chefe de Gabinete civil... A Jannice fala assim, dos altos dos saltos porque tem como se diz “costas largas”. Em História importa muito o lugar de onde o Historiador olha, vê e fala. Eu descendo de nordestinos que só tinham a sua força de trabalho. Portanto, ela defende o capital e eu, o trabalho. E só isso.”

O que tenho a dizer é que Dantinhas era filho de nordestinos pioneiros e desbravadores dessa região, foi criado no Seringal de propriedade de seu pai denominado Novo Andirá que localizava-se entre as terras do Amazonas e do Acre. De acordo com José Alberto Fragoso Dantas (meu pai), sobrinho de Wanderley Dantas, as terras do seringal pertencente à família compreendiam em torno de um milhão de hectares e nos tempos áureos da borracha chegou a produzir 600 toneladas de borracha.

Antes de pertencer à família Dantas, o seringal era propriedade de uma firma inglesa chamada Leite Corporacion (falava-se leite corporeichon). Esta firma era de bolivianos e ingleses e tinha aproximadamente cinco mil pessoas entre seringueiros e suas famílias.

O seringal existiu até a década de 80 e inicio dos anos 90, tendo sido considerado um dos maiores latifúndios do Brasil, classificado entre os dez maiores. Então, assim como a historiadora Fátima Almeida, os Dantas também descendem de nordestinos que se deslocaram a este território, em busca de melhoria de vida e trazendo consigo somente a força do trabalho.

Vale ressaltar que a história não é igual para todos, por tanto, há nordestino que mesmo vindo de família humilde consegue vencer na vida, como foi o caso do Coronel Sebastião Dantas e do próprio ex-presidente Lula, que aliás, procurou contribuir sensivelmente para a relação trabalho e capital.

Não estou aqui defendo capital ou trabalho, defendo sim a história. Também não pretendo entrar em discussão acirrada, no entanto, as ações de Wanderley Dantas foram mal vistas por muitos e eu, não de salto alto, mas como conhecedora de uma outra versão, me sinto na obrigação de difundi-la. Embora, minha opinião é de que capital e trabalho são interdependes, prova disso chama-se China, que hoje é uma das economias mais fortes do mundo.
Por isso, é que volto a falar que o êxodo da população seringueira para os centros urbanos, cedo ou tarde aconteceria. Os seringais já não ofereciam condições de vida e aos poucos iam gradualmente sendo desativados. Isso já vinha acontecendo desde a primeira desvalorização da borracha. Afinal de contas, o Acre já vivia uma fase de comprometimento da sua principal fonte de receita: a extração do látex.

Há de se reconhecer que houve falha na forma como se deu esse processo. Não houve um planejamento prévio ou qualquer outra providência que tivesse por escopo proteger essas populações. Talvez o caminho fosse o zoneamento territorial, tão em voga nos dias de hoje. No entanto, não era cogitado naquela época, afinal, a orientação do governo federal era: “integrar para não entregar”. E a ocupação dos espaços vazios, com certeza, era a melhor forma de atingir esse objetivo.

A borracha a cada dia gerava menos receita, não porque tinha perdido para o boi a sua hegemonia e sim por não conseguir preço compensador nos mercados do sul do país, face à maior competitividade da borracha sintética.
Já a pecuária que durante anos foi de subsistência, fazendo com que a população se visse obrigada a dormir em filas nos mercados na tentativa de adquirir um quilo de carne que fosse, foi somente a partir da década de setenta, quando Dantinhas assumiu o governo, que os pecuaristas começaram a se instalar no Estado, e os acreanos passaram a comer carne sem precisar enfrentar longas e cansativas filas nas portas dos mercados. Prova disso, é que a pecuária já mostrou sua importância na economia acreana e tem hoje papel fundamental na geração de emprego, renda e alimento.

Por fim, agradeço a historiadora Fátima Almeida pelo levantamento de minha árvore genealógica e pelas palavras carinhosas dirigidas a minha mãe, como diria meu avô José Higino, ainda somos terra de muros baixos.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sem páscoa


A páscoa terminou, mas minha gripe ainda continua.
Chocolate que nada, o que embalou meu domingo foi o bom e velho chá de alho com limão e mel de abelha.

sábado, 23 de abril de 2011

Dantinha foi bode expiatório

Essa semana li o artigo ","Dantinha e sua casta acreana" de autoria da historiadora Fátima Almeida, onde ela questiona o plano de desenvolvimento econômico que vigorou durante o governo de Francisco Wanderley Dantas, no período de 1971 a 1974.

“Que idéia estranha foi aquela de Francisco Wanderley Dantas, o Dantinha, que governou o Acre no período 1971-1974, de atrair pecuaristas do Centro-Sul, com a oferta de terras baratas, sem nunca ter passado pelo seu pensamento, entre um gole e outro de uísque, que nos seringais desativados habitavam famílias às centenas? Para onde elas iriam? Como viveriam? Ele nada pensou sobre isso”.

Eu não sou historiadora. Sou jornalista, formada pelo Instituto de Ensino Superior do Acre (Iesacre), mas pelo pouco que sei, o governo Dantas, foi em meio à ditadura, sendo o próprio governador, nomeado pelo presidente, que era militar.

Num governo militar não se toma decisões nem se vai colocando em prática, porque, ao que parece, os militares são extremamente respeitosos com uma coisa chamada hierarquia, não sendo possível um governador de um até então pequeno, longínquo e desconhecido Estado resolver elaborar e colocar em prática um plano de expansão econômica sem que isso tenha sido uma ordem que veio de cima.

Durante o período em que passei levantando dados para a minha monografia, constatei que a economia do látex já estava falida, o que conseqüentemente, levou a falência os seringais deixando as pessoas que lá viviam sem expectativa de um futuro melhor. É fácil de saber que depois da falência, ficaria praticamente impossível viver em um local sem educação, saúde e alimentação. Essa população já estava fadada ao êxodo rural muito antes do governador Dantinha assumir o poder.

Outro dado importante do qual tive acesso, foi o de que existia à época um plano de desenvolvimento para o País e que vinha sendo cumprido etapa por etapa. Durante o governo de Dantinha estava em andamento o econômico e o destino do nosso Acre já estava traçado, não pelo nosso governador, como colocou a historiadora, mas pelo então presidente Emílio Garrastazu Médice.

O governo do presidente Médice ganhou força popular justamente com o crescimento econômico que ficou conhecido como Milagre Brasileiro. Nesse período houve um enorme crescimento da classe média e aumento do consumo de bens duráveis tais como, televisão e geladeira.

Talvez Fátima Almeida talvez não se lembre mas a campanha publicitária do governo federal era: Brasil, ame-o ou deixe-o. E que nessa época entrou em vigor o Plano de Integração Nacional (PIN), responsável pela construção das rodovias Santarém-Cuiabá, Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói. Grandes incentivos fiscais a indústria e a agricultura foram à tônica desse período.

Relatado tudo isso, fica mais claro de perceber que realmente o Acre fazia parte de plano maior de desenvolvimento, vale ressaltar também que no início dos anos 70 não se falava de meio ambiente com a mesma visão que se tem hoje. Até pouco tempo atrás, ainda se achava que os recursos da natureza eram inesgotáveis, por tanto, o uso consciente dela era uma coisa muito distante e as pessoas que defendiam isso muitas vezes eram tratadas como loucas.

Acredito que se vivemos hoje uma áurea época de desenvolvimento no estado do Acre, isso também é fruto de um governo arrojado e visionário que Dantinha fez. Digo isso porque algumas de suas obras ainda estão funcionando a pleno vapor e servindo aos acreanos. Dantinha foi o bode expiatório de uma briga política que infelizmente o transformou em vilão na história acreana.

Para finalizar, gostaria apenas de esclarecer a historiadora Fátima Almeida, que Francisco Wanderley Dantas, bacharelou-se em filosofia pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Rio de Janeiro, hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e não, em engenharia conforme afirmou em seu artigo. Foi um político dedicado a educação, tanto que, quando ainda era deputado federal foi o relator e autor do projeto que criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização – Mobral, que tantos e inestimáveis serviços prestou ao Brasil e também ao nosso Acre. 

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O gordo é o novo negro

O preconceito deve habitar a terra desde que o mundo é mundo. Hoje, depois de muitos anos lutando pela igualdade racial, os negros já conseguem ocupar espaços importantes dentro do cenário político, social e cultural de uma sociedade. Não estou dizendo com isso que os anos para trás foram esquecidos, mas que não é mais tão gritante.

Deixando de lado o negro, mas continuando no mesmo assunto, a pessoa obesa vem disputando junto com o fumante um dos primeiros lugares na pirâmide do preconceito. Casos cada dia mais absurdos, vem ocupando espaço nos veículos de comunicação. Um dos mais recentes foi o das professoras que não puderam assumir seus cargos em concurso público face ao excesso de peso. Então quer dizer que o gordo não pode trabalhar?

Eu mesma luto com a balança desde os meus 13 anos. A luta é inglória, pois na maioria das vezes ela sai vencedora. Mas, nesses 23 anos passados, ainda me lembro quando ouvi pela primeira vez na vida que eu estava com pneuzinhos.

O certo é que o padrão imputado na sociedade pelas modelos de passarela é tão prejudicial à saúde quanto os quilos a mais que uma pessoa carrega. Mas, ao olhar para traz e prestando atenção ao longo da história da sociedade percebe-se claramente que o padrão de beleza é estipulado pela classe social mais alta.

No período em que se valorizam mulheres rechonchudas e cheias de dobrinhas, era a época em que somente a realeza e a nobreza possuíam comida com fartura. O restante da população era magra e completamente fora do nível social das gordinhas, logo, era considerada fora do padrão de beleza.

Hoje a mulher bem sucedida é aquela magra, com seios fartos e tudo no lugar. Mesmo esse ‘tudo no lugar’ sendo à base de cirurgias plásticas, aliás, outro hit dessa geração. Rico que é rico fez pelo menos um procedimento cirúrgico para melhorar algo que não estava agradando. E caminhando na mesma linha de raciocínio, de que bonito é o que o dinheiro compra, são elas que estão no topo da beleza.

Pobre de nós, gordinhos felizes, que comemos por prazer e quanto mais comemos mais felizes ficamos, porém, infelizmente nascemos na geração errada ou melhor, na classe social errada, afinal quem não quer ser um milionário?

Outro conto de fadas

Na mídia só se fala do casamento de conto de fadas entre o príncipe Wlliam e  Kate Middleton.  Não era para menos, afinal todos sonhamos com histórias românticas, mas vê-las concretizadas como é o caso de uma plebéia e um príncipe, parece que torna a vida mais suave, mais “sonhável”.


É como se a frase de Jhon Lennon “o sonho não acabou” fizesse mais sentido do que nunca. A menina adolescente a espera de seu grande amor, volta a sonhar com um lindo príncipe, montado em um belo cavalo branco, vestido de uniforme e de preferência cantando o quanto a ama, bem ao estilo dos desenhos animados da Disney.

Ah, se a vida fosse tão doce assim! Ainda me lembro de como o mundo parou para assistir o casamento da jovem lady Diana e do seu príncipe encantado Charles, que mais tarde veio a se transformar em um enorme sapo, daqueles bem gordos.

A inevitável separação nos mostrou que a celebre frase “E foram felizes para sempre”, não é assim tão eterna e que casamentos, mesmo aqueles que a gente jura que vai ser pra sempre, pois afinal, passamos a vida inteira ouvindo que o príncipe casou com a mocinha e tudo foi perfeito até o fim de seus dias, são falíveis.

Nada a se estranhar, pois nos dias atuais parece-me que os sentimentos estão ficando tão descartáveis quanto copos de plásticos. Ao se escolher a pessoa com quem iremos compartilhar todas as nossas intimidades e todo o resto dos dias da nossa vida, infelizmente não se tem um olhar mais crítico, mais apurado ou então, o que não tem mesmo é o comprometimento com o sucesso de um casamento.

Para que um relacionamento dê certo, ha que se pensar que a pessoa escolhida é especial, para sempre e que por isso deverá ser cuidada com carinho, atenção e paciência.  É aquela pieguice de que o amor precisa ser regado todos os dias, assim como uma flor, pois se não fatalmente morrerá. Aliás, não tem nada mais piegas do que o amor.

Hoje claramente vemos que os relacionamentos já não são mais como antigamente. As conversas se tornam discussões, as vozes vão se alterando, as portas batem, cada um vai para um lado. O choro é inevitável e a amargura do passar dos dias também. “Ele não me entende”, reclama ela. “Ela não é mais a mesma”, alega ele.

Partir para outra é a coisa mais fácil, difícil mesmo é “mergulhar” na mesma mulher ou no mesmo homem todos os dias, meses e anos de uma vida. Talvez por isso mesmo, essa despreocupação em manter o casamento sólido.

Então, vendo os programas onde tentam adivinhar qual o vestido, a maquiagem e as jóias que serão usadas pela nova princesa, fica mais claro ainda, que o que importa é a futilidade que envolve o momento e não o amor do jovem casal.

No casamento estarão presentes aproximadamente 1.900 pessoas entre príncipes, chefes de estado, diplomatas, familiares e amigos, mas o que realmente importa é que o lindo casal, assim como nos contos de fadas sejam felizes para sempre e não que seja eterno enquanto dure como já dizia o poeta.

Não existe divórcio de filho

Eu já ouvi muitas pessoas dizerem que quando há separação, o homem se separa também de seus filhos. Alguns casos, chega ao ponto de educar e sustentar os filhos de suas atuais companheiras, mas não dão sequer um telefonema para quem é sangue do seu sangue.

Quando eu tinha três anos de idade, meus pais se separam, e se eu disser que tenho alguma recordação de nossa vida juntos, pode ter certeza, leitor, de que estou mentindo. Toda e qualquer lembrança que tenho está relacionada aos meus avós, que se responsabilizaram pela minha criação depois do divórcio.
No entanto, não foi a separação que afastou meu pai de mim. Pelo contrário, dentro de todas as limitações que a vida nos impôs, seja pela distância geográfica ou mesmo pelos arroubos da juventude, ele sempre esteve em minha vida, mesmo que apenas com uma palavra de carinho, um abraço de conforto ou mesmo um puxão de orelha.

E é assim que tem ser, porque, afinal, a grande verdade é que um homem pode deixar de ser marido, mas nunca deixará de ser pai. Privar um filho de receber afeto e atenção deveria ser considerado um dos maiores pecados ou até mesmo um grande crime cometido contra o exercício da paternidade.
Me admira muito quando são os avós que se isolam em seus mundos cheios de rotinas pré-estabelecidas e deixam para trás o que os mais poéticos chamam de continuidade da vida, do sangue, da memória ou simplesmente de netos.

Como um pai consegue deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilo quando deixa esquecida no coração uma vida que faz parte da sua e que só foi gerada com a sua colaboração?
Pior ainda é como consegue frequentar uma igreja, rezar, orar, dizer que é filho de Deus, pedir que Ele o auxilie, dê-lhe forças, ampare, quando você próprio é incapaz de fazer o mesmo? Não seria muita audácia?

Por isso, pai, lembre-se que a vida passa num piscar de olhos. Você pode estar perdendo importantes momentos na vida de seu filho. Pior: pode estar causando um grande trauma para alguém cuja única coisa que quer é ser amado.

Ida a Guajará Mirim-RO