terça-feira, 24 de maio de 2011

Vida que segue




Depois de dez anos de casamento, dois filhos e uma certa estabilidade financeira, Olívia e Vinícios levavam uma vida tranqüila. No entanto, naquela manhã, enquanto a família almoçava e o marido conversava alegremente sobre os acontecimentos do trabalho, ela se pegou com os pensamentos voando alto.


Enquanto Vinícios falava sem parar, ela se pegou lembrando do gosto dos beijos de André, um ex-namorado que teve muito antes de conhecer seu marido. Volta e meia as lembranças do ex lhe povoavam a mente e ela não queria crer que ainda restava um resquício se quer de sentimentos.

Mas nessa manhã, ao se pegar novamente com os pensamentos perdidos em André, percebeu que lá no fundo do seu coração, algo ainda insistia em se manter vivo. São Paulo é uma cidade grande, dificilmente os dois se encontravam, principalmente depois que Olívia casou e mudou de bairro.

De certa forma, foi essa distância que a fez pensar que o havia esquecido. Mas nem o tempo, nem a família construída, foram capazes de sufocar esse amor caprichoso que vivia escondido nas sombras. E ao se dar conta disso, Olívia viu que teria que permanecer o resto da vida na tentativa de esconder de si própria e dos outros esse sentimento.

E justo naquele dia, ao deixar os filhos na escola, ela reencontrou casualmente o grande amor de sua vida e pensou: Ao menos fiz as unhas, estou maquiada, mas e os malditos cabelos brancos? O tempo tinha sido generoso com Olívia, mas os fios brancos eram seus grandes inimigos.

Foi tudo muito rápido, não passou de um simples aceno, mas foi o suficiente para o tremor tomar conta de todo o seu corpo. Ela apenas entrou no carro e permaneceu quieta até se recompor, em seguida deu partida e seguiu ao encontro da vida que tinha escolhido para si: uma casa boa, um marido carinhoso e seu amado casal de filhos.

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