A série “A Grande Família”, apresentada pela Rede Globo, nos mostra de forma bem caricaturada a vida da classe média no Brasil. A mãe protetora e curadora do lar; O pai que consegue proporcionar a todos um certo conforto, graças ao trabalho suado; O filho na fase adulta que não gosta nem de estudar nem de trabalhar e por fim, uma filha casada que sempre recorre a aos auxílios financeiros do pai.
O último episódio mostrava a imensa dificuldade que uma pessoa tem de arrumar emprego sem experiência e estudo, sem falar, no valor baixíssimo do salário. Mostrava também a imensa decepção do pai ao saber que o filho havia abandonado o curso de medicina veterinária.
Essas são situações que, com certeza, algumas famílias passam. Eu mesma, quando terminei o segundo grau, meti na cabeça que o negócio era trabalhar. Passei mais de dez anos parada até que acordei e percebi que um diploma de nível superior faz muita diferença na vida de uma pessoa. Claro que existem as exceções, aqueles que já nascem ricos ou que por um capricho do destino se deram muitíssimo bem em alguma coisa, como foi o caso de William Henry Gates III.
Não sabe quem é leitor? Ele é um magnata, que ficou conhecido por fundar, junto com um amigo, a maior e mais conhecida empresa de software do mundo. Regularmente é classificado como a pessoa mais rica do planeta. A empresa a qual me refiro chama-se Microsoft e ele Bill Gates.
O destino quis que assim o fosse, mas nem todos têm a sorte de Gates, é quase como acertar na loteria. E é por isso que nossos pais se preocupam tanto com nossos estudos e mais tarde nós passamos a nos preocupar com os estudos de nossos filhos.
Quando nasce uma criança já começamos a fazer planos, esse vai ser atleta, essa é minha bailarina, um grande médico, juiz, advogado, professor e assim vai. Acho difícil alguém pegar um filho no colo e pensar esse vai ser um grande taxista, uma boa empregada doméstica. Não estou desmerecendo o trabalho dessas pessoas, mas é que sempre queremos o que há de melhor, o mais caro, o que paga mais.
Tempos atrás li, chocada, um artigo de uma jornalista dizendo ao filho para em vez de estudar, que ele fosse atrás de trabalhar, pois ela havia vencido na vida as custas do trabalho e só depois de muito tempo havia entrado em uma faculdade e se formado e que nem se sentiu tão feliz assim, quando recebeu o diploma.
Juro pra vocês que a cada linha que eu lia, eu me assustava mais ainda. Talvez eu seja ultrapassada, careta, sei lá. Mas se uma mãe não incentiva o filho a estudar quem fará isso?
Ainda me lembro do meu pai, todos os dias me dizendo “minha filha, eu vejo você repetindo meus erros e não consigo fazer nada pra mudar isso, porque você não me escuta. Isso me dói tanto”. Papai largou o curso de economia pela metade, e estava se referindo a eu não ter me formado.
Na época eu achava uma chatice, mas hoje, compreendo muito bem a importância dos estudos na vida de uma pessoa. Quero que minhas filhas estudem, se formem e sejam alguém melhor do que eu mesma tenho sido. Quero vê-las independentes e felizes. E sei que é muito mais fácil contar com estudo e trabalho do que com exceções e loterias.
*Texto publicado no Jornal Página 20 em 12-Jun-2011
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