sexta-feira, 27 de maio de 2011

Lula e a novela da Globo

Só eu ou mais alguém percebeu que nos últimos dias o ex-presidente Lula anda aparecendo demais na mídia? Parece-me que ele definitivamente assumiu o papel de estrategista do governo Dilma.


Fontes próximas a presidente afirmam que ela não se sente nem um pouco constrangida ou mesmo incomodada com isso, e eu, me pergunto se isso não seria uma espécie de volta ao cenário político para que Lula não seja esquecido e venha a concorrer a um terceiro mandato nas próximas eleições. Carisma e aceitação popular, ele tem de sobra.

Mas mudando completamente de assunto, fazia tempo que eu não acompanhava uma novela, mas essa Insensato Coração, que passa na Rede Globo, eu caí na besteira de assistir ao primeiro capítulo e aí, já viu?! Só que uma coisa me incomoda bastante, é que parece que o bem não flui. Só o mal prospera e por isso fica.

De repente fica a impressão de que não vale a pena ser bom, ser sincero, ser responsável, porque quem se dá bem e quem vai pra frente é só aquele que mente, rouba e mata. Claro que a novela é uma obra de ficção e a gente sabe que muitas das coisas que se passam lá, não ocorrem na vida real, embora, muitas vezes, tomamos conhecimento de histórias muito parecidas na vida real. Porém, para aquelas pessoas que tem um coração cheio de maldade e a mente fértil, pode com certeza ter a novela como inspiração.

Por exemplo, a auxiliar de enfermagem Norma, interpretada pela atriz Glória Pires, foi enganada, humilhada e presa injustamente no começo da novela. Ao ser solta, ela cumpre rigorosamente as estratégias de um plano de vingança contra quem lhe aplicou o golpe. Enquanto ela estava na cadeia, aos poucos íamos percebendo um desvio, nada pequeno, no caráter da moça.

De lá para cá, Norma vem mentindo, enganando e ludibriando as pessoas e até a justiça, sem parar. Mas sabe o que é o pior de tudo? É que assistimos tudo e em vez de ficarmos revoltados, com raiva, nós simplesmente torcemos para que as maldades dela funcionem e ela consiga se vingar do seu malfeitor.

Me digam meus leitores, se isso faz algum sentido? Justo nós que ensinamos aos nossos filhos a importância de falar sempre a verdade, de que o trabalho vence tudo e de que a família está sempre em primeiro lugar. Agora, nos vemos encurralados com nossos sentimentos, divididos entre o bem e o mal, numa verdadeira sinuca de bico, como gostam de dizer os homens, e tudo por causa de uma novela. Vá lá entender o ser-humano.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Vida que segue




Depois de dez anos de casamento, dois filhos e uma certa estabilidade financeira, Olívia e Vinícios levavam uma vida tranqüila. No entanto, naquela manhã, enquanto a família almoçava e o marido conversava alegremente sobre os acontecimentos do trabalho, ela se pegou com os pensamentos voando alto.


Enquanto Vinícios falava sem parar, ela se pegou lembrando do gosto dos beijos de André, um ex-namorado que teve muito antes de conhecer seu marido. Volta e meia as lembranças do ex lhe povoavam a mente e ela não queria crer que ainda restava um resquício se quer de sentimentos.

Mas nessa manhã, ao se pegar novamente com os pensamentos perdidos em André, percebeu que lá no fundo do seu coração, algo ainda insistia em se manter vivo. São Paulo é uma cidade grande, dificilmente os dois se encontravam, principalmente depois que Olívia casou e mudou de bairro.

De certa forma, foi essa distância que a fez pensar que o havia esquecido. Mas nem o tempo, nem a família construída, foram capazes de sufocar esse amor caprichoso que vivia escondido nas sombras. E ao se dar conta disso, Olívia viu que teria que permanecer o resto da vida na tentativa de esconder de si própria e dos outros esse sentimento.

E justo naquele dia, ao deixar os filhos na escola, ela reencontrou casualmente o grande amor de sua vida e pensou: Ao menos fiz as unhas, estou maquiada, mas e os malditos cabelos brancos? O tempo tinha sido generoso com Olívia, mas os fios brancos eram seus grandes inimigos.

Foi tudo muito rápido, não passou de um simples aceno, mas foi o suficiente para o tremor tomar conta de todo o seu corpo. Ela apenas entrou no carro e permaneceu quieta até se recompor, em seguida deu partida e seguiu ao encontro da vida que tinha escolhido para si: uma casa boa, um marido carinhoso e seu amado casal de filhos.

sábado, 14 de maio de 2011

A árdua missão da mulher

Mulher é uma coisinha complicada mesmo. A gente cresce na esperança de casar e sabe pra quê? Pra ter um homem tomando espaço na cama, roncando a noite toda e que se duvidar dá mais trabalho que os filhos. Adoram esse negócio de comidinha no prato e dedicação exclusiva. 

Depois do maridão, aquele mesmo que adora peidar embaixo das cobertas e depois abanar pro “bendito” cheiro se espalhar por todo o quarto, a gente não fica satisfeita e arruma os filhos. 

Filhos... Filhos... Filhos... Já dizia aquela máxima: se não tê-los, como sabê-los? São lindos, fofos, os mais queridos do mundo, mas também são eles que fazem cocô e deixam pra você limpar, que precisam que você lhes dê banho, comida e roupa lavada. Isso tudo depois de um dia exaustivo de trabalho, claro! Mas alguém já imaginou a vida sem eles? 

Então, somos assim, passamos a vida procurando quem nos dê trabalho em troca de muito amor, carinho e dedicação.  Ê vidinha difícil, mas eu sou uma que não troco a minha por nada nesse mundo...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A curva descendente


Conversando com meu colega de trabalho, Marcelo Quintella, ele me falava de uma tal curva descendente, na qual todos nós entramos. Segundo ele, lá pelos 40 anos, começamos a ficar saudosistas, cheios de recordações dos tempos de juventude e começa também a contagem regressiva da vida.

No momento da conversa fiquei meio assustada, até porque, quando jovens sempre imaginamos que somos integrantes do clã MacLeod, daquele guerreiro imortal vivido pelo ator Christopher Lambert no filme Highlander, ou seja, que nada de mau pode nos acontecer e que seremos eternos. E tudo é vivido intensamente, o amor, a raiva, as coisas se transformam em casos de vida ou morte.

Já quando adquirimos um pouquinho mais de idade, de responsabilidade e de maturidade, começamos a ficar mais flexíveis, menos emoção e mais razão. Isso acontece lá pela casa dos 30 anos, mas nada que nos faça refletir que a vida é finita.

E conforme a casa dos 40 vai se aproximando percebemos que somos passíveis de erros, que nos importamos mais com os filhos que com nós mesmos. Que nem sempre sair pra balada é a melhor opção da noite e que ficar em casa curtindo a família tem grande valor. Que palavras de amor realmente devem ser ditas, pois algumas vezes nos arrependemos do silêncio lá na frente e principalmente que de hailander não temos nada.

De repente já se passaram 15, 20, 30, 40 e poucos anos e o que realmente queremos é ter nos transformado numa pessoa que orgulhe nossos pais, mas que principalmente sejamos fonte de princípios para nossos filhos. Afinal, agora são eles quem queremos impressionar e não mais o carinha mais paquerado ou a mocinha bonitinha.

É, de fato Marcelo tinha razão, essa tal curva descendente existe. E agora, depois que eu soube da sua existência, vivo a refletir sobre isso e me lembrei que certa vez li um livro onde o autor dizia que para nos comunicarmos bem durante uma palestra deveríamos saber que tipos de platéia iríamos ter. Platéia onde a maioria são jovens deve-se falar muito em planos, no futuro, afinal, eles têm uma vida toda pela frente.

Já quando a platéia é composta por pessoas mais velhas, devemos ser saudosistas, lembrarmos o passado de vez em quando, afinal, essas pessoas não fazem mais muitos planos e adoram recordações, assim, segundo o autor, seguindo essa regrinha básica conseguiremos prender a atenção do público e quem sabe até torná-los participativos.

Perceberam a tal da curva descendente? Talvez nosso rei Roberto Carlos já tivesse consciência e por isso, costumava cantar:

“Se você pretende saber quem eu sou

Eu posso lhe dizer

Entre no meu carro na Estrada de Santos

E você vai me conhecer

Você vai pensar que eu

Não gosto nem mesmo de mim

E que na minha idade

Só a velocidade anda junto a mim

Só ando sozinho e no meu caminho

O tempo é cada vez menor...”


Já eu, sigo ainda assustada com a descoberta da bendita curva e com o eco das palavras do meu saudoso avô José Higino que aos 81 anos de idade costumava dizer que cada dia de vida era um dia a menos na contagem regressiva de nossa caminhada por esse mundo de meu Deus.

domingo, 8 de maio de 2011

Dia das Mães

Todos os anos é assim, ofertamos o segundo domingo de maio para homenagear essas mulheres, que trabalham, estudam, cuidam dos maridos, dos lares e ainda por cima são mães.

Feliz dia das mães a todas e em especial a minha dona Janne e também a minha tia Jeanett.

domingo, 1 de maio de 2011

A resposta

Em resposta ao meu artigo da semana passada, a historiadora Fátima Almeida escreveu:

“A Jannice, é também filha da Jane (pessoa muito querida), que é filha do Jose Higino, falecido, irmão do Sansão Ribeiro, ex-reitor da Universidade que fez Escola superior de Guerra, período da ditadura militar, pai da Márcia Regina, chefe de Gabinete civil... A Jannice fala assim, dos altos dos saltos porque tem como se diz “costas largas”. Em História importa muito o lugar de onde o Historiador olha, vê e fala. Eu descendo de nordestinos que só tinham a sua força de trabalho. Portanto, ela defende o capital e eu, o trabalho. E só isso.”

O que tenho a dizer é que Dantinhas era filho de nordestinos pioneiros e desbravadores dessa região, foi criado no Seringal de propriedade de seu pai denominado Novo Andirá que localizava-se entre as terras do Amazonas e do Acre. De acordo com José Alberto Fragoso Dantas (meu pai), sobrinho de Wanderley Dantas, as terras do seringal pertencente à família compreendiam em torno de um milhão de hectares e nos tempos áureos da borracha chegou a produzir 600 toneladas de borracha.

Antes de pertencer à família Dantas, o seringal era propriedade de uma firma inglesa chamada Leite Corporacion (falava-se leite corporeichon). Esta firma era de bolivianos e ingleses e tinha aproximadamente cinco mil pessoas entre seringueiros e suas famílias.

O seringal existiu até a década de 80 e inicio dos anos 90, tendo sido considerado um dos maiores latifúndios do Brasil, classificado entre os dez maiores. Então, assim como a historiadora Fátima Almeida, os Dantas também descendem de nordestinos que se deslocaram a este território, em busca de melhoria de vida e trazendo consigo somente a força do trabalho.

Vale ressaltar que a história não é igual para todos, por tanto, há nordestino que mesmo vindo de família humilde consegue vencer na vida, como foi o caso do Coronel Sebastião Dantas e do próprio ex-presidente Lula, que aliás, procurou contribuir sensivelmente para a relação trabalho e capital.

Não estou aqui defendo capital ou trabalho, defendo sim a história. Também não pretendo entrar em discussão acirrada, no entanto, as ações de Wanderley Dantas foram mal vistas por muitos e eu, não de salto alto, mas como conhecedora de uma outra versão, me sinto na obrigação de difundi-la. Embora, minha opinião é de que capital e trabalho são interdependes, prova disso chama-se China, que hoje é uma das economias mais fortes do mundo.
Por isso, é que volto a falar que o êxodo da população seringueira para os centros urbanos, cedo ou tarde aconteceria. Os seringais já não ofereciam condições de vida e aos poucos iam gradualmente sendo desativados. Isso já vinha acontecendo desde a primeira desvalorização da borracha. Afinal de contas, o Acre já vivia uma fase de comprometimento da sua principal fonte de receita: a extração do látex.

Há de se reconhecer que houve falha na forma como se deu esse processo. Não houve um planejamento prévio ou qualquer outra providência que tivesse por escopo proteger essas populações. Talvez o caminho fosse o zoneamento territorial, tão em voga nos dias de hoje. No entanto, não era cogitado naquela época, afinal, a orientação do governo federal era: “integrar para não entregar”. E a ocupação dos espaços vazios, com certeza, era a melhor forma de atingir esse objetivo.

A borracha a cada dia gerava menos receita, não porque tinha perdido para o boi a sua hegemonia e sim por não conseguir preço compensador nos mercados do sul do país, face à maior competitividade da borracha sintética.
Já a pecuária que durante anos foi de subsistência, fazendo com que a população se visse obrigada a dormir em filas nos mercados na tentativa de adquirir um quilo de carne que fosse, foi somente a partir da década de setenta, quando Dantinhas assumiu o governo, que os pecuaristas começaram a se instalar no Estado, e os acreanos passaram a comer carne sem precisar enfrentar longas e cansativas filas nas portas dos mercados. Prova disso, é que a pecuária já mostrou sua importância na economia acreana e tem hoje papel fundamental na geração de emprego, renda e alimento.

Por fim, agradeço a historiadora Fátima Almeida pelo levantamento de minha árvore genealógica e pelas palavras carinhosas dirigidas a minha mãe, como diria meu avô José Higino, ainda somos terra de muros baixos.