sábado, 23 de abril de 2011

Dantinha foi bode expiatório

Essa semana li o artigo ","Dantinha e sua casta acreana" de autoria da historiadora Fátima Almeida, onde ela questiona o plano de desenvolvimento econômico que vigorou durante o governo de Francisco Wanderley Dantas, no período de 1971 a 1974.

“Que idéia estranha foi aquela de Francisco Wanderley Dantas, o Dantinha, que governou o Acre no período 1971-1974, de atrair pecuaristas do Centro-Sul, com a oferta de terras baratas, sem nunca ter passado pelo seu pensamento, entre um gole e outro de uísque, que nos seringais desativados habitavam famílias às centenas? Para onde elas iriam? Como viveriam? Ele nada pensou sobre isso”.

Eu não sou historiadora. Sou jornalista, formada pelo Instituto de Ensino Superior do Acre (Iesacre), mas pelo pouco que sei, o governo Dantas, foi em meio à ditadura, sendo o próprio governador, nomeado pelo presidente, que era militar.

Num governo militar não se toma decisões nem se vai colocando em prática, porque, ao que parece, os militares são extremamente respeitosos com uma coisa chamada hierarquia, não sendo possível um governador de um até então pequeno, longínquo e desconhecido Estado resolver elaborar e colocar em prática um plano de expansão econômica sem que isso tenha sido uma ordem que veio de cima.

Durante o período em que passei levantando dados para a minha monografia, constatei que a economia do látex já estava falida, o que conseqüentemente, levou a falência os seringais deixando as pessoas que lá viviam sem expectativa de um futuro melhor. É fácil de saber que depois da falência, ficaria praticamente impossível viver em um local sem educação, saúde e alimentação. Essa população já estava fadada ao êxodo rural muito antes do governador Dantinha assumir o poder.

Outro dado importante do qual tive acesso, foi o de que existia à época um plano de desenvolvimento para o País e que vinha sendo cumprido etapa por etapa. Durante o governo de Dantinha estava em andamento o econômico e o destino do nosso Acre já estava traçado, não pelo nosso governador, como colocou a historiadora, mas pelo então presidente Emílio Garrastazu Médice.

O governo do presidente Médice ganhou força popular justamente com o crescimento econômico que ficou conhecido como Milagre Brasileiro. Nesse período houve um enorme crescimento da classe média e aumento do consumo de bens duráveis tais como, televisão e geladeira.

Talvez Fátima Almeida talvez não se lembre mas a campanha publicitária do governo federal era: Brasil, ame-o ou deixe-o. E que nessa época entrou em vigor o Plano de Integração Nacional (PIN), responsável pela construção das rodovias Santarém-Cuiabá, Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói. Grandes incentivos fiscais a indústria e a agricultura foram à tônica desse período.

Relatado tudo isso, fica mais claro de perceber que realmente o Acre fazia parte de plano maior de desenvolvimento, vale ressaltar também que no início dos anos 70 não se falava de meio ambiente com a mesma visão que se tem hoje. Até pouco tempo atrás, ainda se achava que os recursos da natureza eram inesgotáveis, por tanto, o uso consciente dela era uma coisa muito distante e as pessoas que defendiam isso muitas vezes eram tratadas como loucas.

Acredito que se vivemos hoje uma áurea época de desenvolvimento no estado do Acre, isso também é fruto de um governo arrojado e visionário que Dantinha fez. Digo isso porque algumas de suas obras ainda estão funcionando a pleno vapor e servindo aos acreanos. Dantinha foi o bode expiatório de uma briga política que infelizmente o transformou em vilão na história acreana.

Para finalizar, gostaria apenas de esclarecer a historiadora Fátima Almeida, que Francisco Wanderley Dantas, bacharelou-se em filosofia pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Rio de Janeiro, hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e não, em engenharia conforme afirmou em seu artigo. Foi um político dedicado a educação, tanto que, quando ainda era deputado federal foi o relator e autor do projeto que criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização – Mobral, que tantos e inestimáveis serviços prestou ao Brasil e também ao nosso Acre. 

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