Que início de novo ano nós tivemos! Fomos dormir encantados com a beleza dos fogos de artifícios e acordamos em meio a desbarrancamentos, queda de ponte e alagações.
Todo aquele sentimento de renovação que renasce a cada ano que se inicia, a promessa de comer menos, estudar mais, economizar, os planos de viajar, tudo foi soterrado em meio a tantas tragédias. A sensação foi de que o ano velho ainda não tinha terminado.
Era a natureza nos mostrando que o curso natural da vida, muitas vezes é alterado. Fomos testemunhas de pais enterrando seus filhos juntamente com os sonhos de cada um.
Era a vida nos apontando o dedo na cara e dizendo que somos mortais. Somos todos iguais, teremos sempre o mesmo final. Ricos ou pobres, um dia todos voltaremos ao pó.
Quando começávamos a apagar essas imagens da memória, eis que um apagão de verdade tomou conta de Rio Branco. Mais de cinco horas sem energia elétrica. A cidade parou.
Um calor infernal, sem ventilador, sem ar-condicionado, sem fax, sem computador, sem internet. O suor escorrendo pela testa, comunicação prejudicada e o trabalhado parado. Mas alguém ai já calculou qual foi o valor do prejuízo? Quantos comerciantes perderam ou deixaram de vender suas mercadorias? Quanto as industrias deixaram de produzir?
Estávamos praticamente tendo um dia na idade da pedra lascada. E se formos fazer uma comparação, talvez encontremos mais semelhanças do que diferenças, já que, se pode afirmar que nesse período houve fenômenos fundamentais para a raça humana, como por exemplo: aquisições tecnológicas (fogo, moradia, roupas e ferramentas), evolução social, mudanças climáticas e revolução econômica.
Vejam bem meus caros leitores, e me digam se não é justamente por isso que estamos passando agora? Novas aquisições tecnológicas praticamente a cada segundo; conseguimos eleger um ex-operário para presidente do Brasil e os Estados Unidos, quem diria, elegeu um negro para ocupar a Casa Branca; Enormes geleiras derretendo. Mudança do habitat natural de muitos animais, inclusive no nosso; E por fim, a sinistra crise econômica.
Eita mundinho redondinho esse em que vivemos! Como diria Belchior, o novo sempre vem, mas ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.
* Texto publicado no jornal Página 20, de 10/01/2010.
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