Há mais de 35 anos que Rio Branco não enfrentava um dia tão frio. Oito graus e com previsão de que continue a cair e também de que dure por mais uns dias, a temperatura pegou todo mundo de surpresa. O cheiro de naftalina está no ar.
Essa mudança brusca de temperatura nos faz voltar os pensamentos, para um assunto muito importante que infelizmente algumas pessoas ainda não dão importância: Meio ambiente X mudanças climáticas.
Na semana que passou o sindicato dos jornalistas do Acre – Sinjac ofereceu gratuitamente a profissionais e estudantes de jornalismo o seminário mudanças climáticas para jornalistas, ministrado pelo professor Foster Brawn.
E uma coisa ficou clara, é preciso fazermos alguma coisa agora. A sociedade precisa descruzar os braços, precisa pensar no futuro, não no seu futuro, mas de seus filhos, netos e bisnetos.
Enquanto cientistas do mundo inteiro se reúnem para elegerem a emissão de gases poluentes e o desmatamento como os grandes vilões das mudanças climáticas, o povo sai de casa para comprar mais e mais carros, contribuindo significativamente para o que de ruim vem acontecendo ao mundo.
Quer dizer que não podemos mais ter carros? Claro que podemos, o que precisamos é usá-los com consciência, assim como tudo na vida, porque se pensarmos bem, até água em excesso mata.
Nós ocupamos um dos lugares mais importantes do planeta, vivemos no meio da Amazônia, e estamos sendo obrigados a nos responsabilizarmos pela sobrevivência do restante do mundo.
Na Amazônia não se pode isso, não se pode aquilo, afinal, é aqui o pulmão do mundo. Enquanto isso, os Estados Unidos, maior país industrializado do mundo e maior emissor de poluentes, não aceitou o acordo de redução contido no Protocolo de Kyoto, pois afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do país.
Por enquanto nós caminhamos com a cruel dúvida: progredimos ou salvamos o mundo? A única certeza é de podemos fazer muito para ajudar o planeta, o clichê já diz são as pequenas atitudes que fazem as grandes ações; E que o futuro do mundo está em nossas mãos.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Desvio de caráter ou o quê?
Visitando o blog amigo Menina de Óculos (www.meninadeoculos.blogspot.com)
eu li o seguinte texto:
“Vez ou outra, a gente liga para um amigo e convida para comer uma pizza, organizar um churrasco, ir ao cinema, fazer uma caminhada, sair para conversar, sei lá, tantas coisas. Mas nunca me passou pela cabeça ligar para alguém e dizer: Vamos ali matar a fulana, cortá-la em pedaços, dar os restos mortais para os cachorros e o que sobrar a gente concreta? Quéquetuacha? Ah, claro. Boa idéia. Quando? Amanhã. Fechado. Então, tá. Chama o bola, o paulista e o neném. Demorô”.
Ai, eu conversando na calçada pergunto: o que passa na cabeça de uma pessoa que veio de família humilde, ta ganhando mais de cem mil por mês de salário (fora os patrocínios), quando vê tudo o que está construindo ir por água abaixo, devido a uma atitude completamente transloucada? Será que ao menos rolou um arrependimento?
Achar que iria matar uma pessoa e sair ileso, fazendo o louco como se nada tivesse acontecendo e ainda ir pra frente das câmeras dizer que tá torcendo pra moça aparecer, mesmo sabendo, que isso jamais vai acontecer porque ele cuidou muito bem disso, é muita cara de pau.
Realmente nos últimos tempos o futebol anda muito violento, e claro, que o acreano não poderia ficar fora dessa, afinal moda a gente tem que seguir. E foi assim que nessa semana o atlético e o Juventus, seguiram o último grito e seus jogadores se pegaram em campo. Coisa linda de ver.
Mais lindo ainda, foi ver os dois técnicos, desculpem,’ professores’, trocarem farpas e acusações em suas entrevistas. Por isso, que se eu tivesse um filho eu jamais permitiria que ele fosse jogador de futebol. Iria incentivá-lo a lutar Boxe, jiu jitsu, karatê e até luta livre.
Assim, eu saberia que ele estava saindo de casa com a clara intenção de lutar e não se travestindo de atleta para baixar o sarrafo no adversário ou mandar matar quem ta pelo caminho.
A vida é dura, foi e sempre será. O quê e como fazemos para enfrentá-la é que nos faz crescer e aparecer. Enquanto as miss com seus discursos ensaiados e muitas vezes superficiais, clamam pela paz mundial, nossos atletas vão em caminhos opostos, mostrando a uma legião de fãs (muitos deles crianças ou adolescentes que estão em formação de caráter), que violência é a solução dos problemas e se tornam uma caricatura do personagem que virou ícone da violência urbana gratuita, Carlos Maçaranduba, interpretado por Claudio Manoel, no programa Casseta & Planeta cujo o jargão é: Eu vou dar porrada!
eu li o seguinte texto:
“Vez ou outra, a gente liga para um amigo e convida para comer uma pizza, organizar um churrasco, ir ao cinema, fazer uma caminhada, sair para conversar, sei lá, tantas coisas. Mas nunca me passou pela cabeça ligar para alguém e dizer: Vamos ali matar a fulana, cortá-la em pedaços, dar os restos mortais para os cachorros e o que sobrar a gente concreta? Quéquetuacha? Ah, claro. Boa idéia. Quando? Amanhã. Fechado. Então, tá. Chama o bola, o paulista e o neném. Demorô”.
Ai, eu conversando na calçada pergunto: o que passa na cabeça de uma pessoa que veio de família humilde, ta ganhando mais de cem mil por mês de salário (fora os patrocínios), quando vê tudo o que está construindo ir por água abaixo, devido a uma atitude completamente transloucada? Será que ao menos rolou um arrependimento?
Achar que iria matar uma pessoa e sair ileso, fazendo o louco como se nada tivesse acontecendo e ainda ir pra frente das câmeras dizer que tá torcendo pra moça aparecer, mesmo sabendo, que isso jamais vai acontecer porque ele cuidou muito bem disso, é muita cara de pau.
Realmente nos últimos tempos o futebol anda muito violento, e claro, que o acreano não poderia ficar fora dessa, afinal moda a gente tem que seguir. E foi assim que nessa semana o atlético e o Juventus, seguiram o último grito e seus jogadores se pegaram em campo. Coisa linda de ver.
Mais lindo ainda, foi ver os dois técnicos, desculpem,’ professores’, trocarem farpas e acusações em suas entrevistas. Por isso, que se eu tivesse um filho eu jamais permitiria que ele fosse jogador de futebol. Iria incentivá-lo a lutar Boxe, jiu jitsu, karatê e até luta livre.
Assim, eu saberia que ele estava saindo de casa com a clara intenção de lutar e não se travestindo de atleta para baixar o sarrafo no adversário ou mandar matar quem ta pelo caminho.
A vida é dura, foi e sempre será. O quê e como fazemos para enfrentá-la é que nos faz crescer e aparecer. Enquanto as miss com seus discursos ensaiados e muitas vezes superficiais, clamam pela paz mundial, nossos atletas vão em caminhos opostos, mostrando a uma legião de fãs (muitos deles crianças ou adolescentes que estão em formação de caráter), que violência é a solução dos problemas e se tornam uma caricatura do personagem que virou ícone da violência urbana gratuita, Carlos Maçaranduba, interpretado por Claudio Manoel, no programa Casseta & Planeta cujo o jargão é: Eu vou dar porrada!
O Acreano e a Imprensa, o início de tudo
O povo nordestino que colonizou o Acre andava pela mata sem perceber os sinais em seu caminho. Um galho quebrado, um risco na casca de uma árvore, folhas no chão, tudo imperceptível aos olhos não treinados do homem branco.
Era o jeito indígena de deixar recado. Só com o passar dos anos, no confronto e na convivência com aqueles povos, foi que o homem branco aprendeu um pouco dessa linguagem. E ficou sabendo que alguns cantos que ouvia na mata não eram de pássaros. E que algumas batidas nas “sapopembas” não eram feitos por animais ou galhos que caíam. Era telégrafo de índio. E que aquele som agudo e contínuo, como de uma buzina, não era feito por encanto ou assombração. Era a corneta do índio, feita com rabo de tatu e conarara.
No final do século passado não havia cidades no Acre. Em alguns vilarejos, entrepostos comerciais da borracha, poucas casas de madeira perfilavam-se na beira do rio. O território pertencia à Bolívia, era uma espécie de Sibéria para qual nenhum funcionário público queria ser enviado. Ainda assim, chegou a ter um jornal “El Acre”, impresso em rudimentar prensa de madeira.
O jornal era um porta-voz da Bolívia e trazia todos os atos oficiais. Alguns exemplares da publicação sobreviveram ao tempo, mas hoje restam apenas cópias do El Acre, que era impresso em papel tamanho A4, com quatro páginas. A primeira edição circulou em 20 de outubro de 1901, na cidade de Puerto Alonso, hoje Porto Acre, que então fazia parte do território boliviano.
O conteúdo falava sobre a borracha, chamada de goma elástica, com quadros estatísticos e outros dados sobre produção e comércio do látex. Havia também uma coluna de “interesses militares” e notas com observações da vida local.
Mas a indústria nascente na Europa queria borracha e os brasileiros não paravam de chegar. Em breve, reivindicam a posse do território. O cearense José Carvalho liderou a primeira insurreição em 1899. No mesmo ano, o espanhol Luis Galvez organizou o Estado Independente do Acre, que sobreviveu até março de 1900. E dois anos depois o gaúcho José Plácido de Castro liderou uma luta que conquistou definitivamente o Acre para o Brasil. Em todos esses episódios, os manifestos, artigos, cartas, hinos, poesias e polêmicas ocuparam as páginas dos jornais de Belém, Manaus e até do Rio de Janeiro.
As vilas crescem, com o comércio e a chegada das instituições e repartições públicas. E não tardam a surgir os jornais. Desde O Progresso (1904) e O Acre (1907), os títulos se multiplicaram. Periódicos ou episódicos, não importa; o fato é que o Acre jamais viveu sem imprensa. A maioria do povo até podia viver no analfabetismo, mas a minoria alfabetizada gostava de ler, escrever e publicar. É claro, havia muita política e muito jornal panfletário anunciando o fim do mundo, além da imprensa oficial em que o governo dizia que estava tudo bem. Mas havia também poesia e crônica, opinião e análise, montanhas de informação em que hoje se deliciam os historiadores.
Era o jeito indígena de deixar recado. Só com o passar dos anos, no confronto e na convivência com aqueles povos, foi que o homem branco aprendeu um pouco dessa linguagem. E ficou sabendo que alguns cantos que ouvia na mata não eram de pássaros. E que algumas batidas nas “sapopembas” não eram feitos por animais ou galhos que caíam. Era telégrafo de índio. E que aquele som agudo e contínuo, como de uma buzina, não era feito por encanto ou assombração. Era a corneta do índio, feita com rabo de tatu e conarara.
No final do século passado não havia cidades no Acre. Em alguns vilarejos, entrepostos comerciais da borracha, poucas casas de madeira perfilavam-se na beira do rio. O território pertencia à Bolívia, era uma espécie de Sibéria para qual nenhum funcionário público queria ser enviado. Ainda assim, chegou a ter um jornal “El Acre”, impresso em rudimentar prensa de madeira.
O jornal era um porta-voz da Bolívia e trazia todos os atos oficiais. Alguns exemplares da publicação sobreviveram ao tempo, mas hoje restam apenas cópias do El Acre, que era impresso em papel tamanho A4, com quatro páginas. A primeira edição circulou em 20 de outubro de 1901, na cidade de Puerto Alonso, hoje Porto Acre, que então fazia parte do território boliviano.
O conteúdo falava sobre a borracha, chamada de goma elástica, com quadros estatísticos e outros dados sobre produção e comércio do látex. Havia também uma coluna de “interesses militares” e notas com observações da vida local.
Mas a indústria nascente na Europa queria borracha e os brasileiros não paravam de chegar. Em breve, reivindicam a posse do território. O cearense José Carvalho liderou a primeira insurreição em 1899. No mesmo ano, o espanhol Luis Galvez organizou o Estado Independente do Acre, que sobreviveu até março de 1900. E dois anos depois o gaúcho José Plácido de Castro liderou uma luta que conquistou definitivamente o Acre para o Brasil. Em todos esses episódios, os manifestos, artigos, cartas, hinos, poesias e polêmicas ocuparam as páginas dos jornais de Belém, Manaus e até do Rio de Janeiro.
As vilas crescem, com o comércio e a chegada das instituições e repartições públicas. E não tardam a surgir os jornais. Desde O Progresso (1904) e O Acre (1907), os títulos se multiplicaram. Periódicos ou episódicos, não importa; o fato é que o Acre jamais viveu sem imprensa. A maioria do povo até podia viver no analfabetismo, mas a minoria alfabetizada gostava de ler, escrever e publicar. É claro, havia muita política e muito jornal panfletário anunciando o fim do mundo, além da imprensa oficial em que o governo dizia que estava tudo bem. Mas havia também poesia e crônica, opinião e análise, montanhas de informação em que hoje se deliciam os historiadores.
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