quinta-feira, 10 de junho de 2010

Os micos da vida

Quando eu era criança eu não compreendia como minha vozinha podia gostar tanto de uvas passas, hoje me pergunto como fiquei tanto tempo sem comê-las. E assim foi com o peixe, com o cozidão e com a panelada.


Impressionante como nossos parâmetros mudam com os anos. Esses dias eu estava em uma pizzaria com minha irmã adolescente e meu pai que havia passado o dia inteiro tomando suas cervejinhas e já estava pra lá de ‘meio alto’.

Papis era só alegria enquanto minha irmã se encontrava de cara amarrada e morrendo de vergonha de tudo o que ele fazia ou dizia. De repente eu me vi, meio que recriminando a atitude dela, por que enfim, papai já é um jovem senhor, que merece de vez em quando enfiar o pé na jaca.

Só que de repente, me lembrei que a pouco tempo atrás eu também era adolescente e morria de vergonha dessas mesmas coisas que papai fazia. Lembrei que eu também trancava a cara e conseguia na minha fértil cabecinha inverter valores e buscava inutilmente colocar limites no nele.

Pois hoje, já com alguns fios de cabelos brancos escondidos pelas tinturas, me tornei uma pessoa bem mais maleável e consigo até achar graça desses dias de bafão que papai apronta. Sei que minha irmã quando chegar na idade que tenho, também deverá amolecer seu coração rebelde e passará a aceitar com mais naturalidade os micos da vida.

2 comentários:

  1. Delícia ler e se achar nas palavras.

    beijosss saudosos.

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  2. Não gosto de uva passa até hoje e ainda fico "constrangido" quando minha mãe resolve chamar mais atenção do que o necessário... rs E olha que os poucos cabelos que ainda me restam já estão bem prateados... rsrs Bjs.

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